Lagos Datta Intelligence participa do Seminário Reboot em Brasília
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Fale ConoscoDesde ontem, estamos participando do Seminário Reboot em Brasília, um evento focalizado em explorar temas relevantes ao marketing político e eleitoral, comunicação pública e questões governamentais.
Após quatro anos de edições bem-sucedidas, incluindo uma em Lisboa em 2024, o evento retorna para consolidar sua influência. A equipe da Lagos Data Intelligence está animada por participar de um encontro tão enriquecedor, repleto de conteúdo valioso, especialmente em meio às eleições municipais.
Estamos imersos em discussões aprofundadas sobre estratégias de marketing político, inovações na comunicação pública e o papel crucial dessas dinâmicas no cenário governamental. O Seminário Reboot se destaca como uma oportunidade única para aprender e trocar insights com especialistas renomados dessas áreas.
A presença internacional, evidenciada pela edição em Lisboa, ressalta a relevância global desse evento. É uma plataforma crucial para estabelecer conexões, compartilhar conhecimentos e entender as últimas tendências que moldam o marketing político e a comunicação no cenário atual.
Para aqueles que desejam aprofundar seu entendimento sobre o Seminário Reboot, convidamos vocês a seguir nossas atualizações nas redes sociais @seminarioreboot.
Conecte-se conosco para uma visão mais próxima do que está sendo discutido e das perspectivas oferecidas por líderes de pensamento nesse ambiente dinâmico.
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Eventos
Entre os dias 25 e 27 de junho, a cidade de São Paulo sediou o maior evento de tecnologia e inovação do setor financeiro, a Febraban Tech. Em sua 34ª edição, o tema central deste ano foi “A Jornada Responsável na Nova Economia da IA”, destacando a preocupação dos bancos sobre como toda a economia, especialmente o setor financeiro, está se preparando para utilizar de forma responsável os novos recursos e avanços da inteligência artificial. A equipe da Lagos Data Inteligente participou dos três dias de evento, aproveitando a oportunidade para se atualizar sobre o tema e debater a atuação da inteligência artificial. James Batista, analista de dados da Lagos Data Intelligente, ressaltou que, embora o evento tenha como foco o setor financeiro, a criação de um ambiente inteiramente dedicado ao compartilhamento de conhecimentos sobre inovação e tecnologia permite destacar como essas inovações podem ser inseridas na sociedade e quais mudanças elas geram. Para ele, as palestras de convidadas internacionais, como Esther Duflo, economista vencedora do Nobel de Economia e professora do MIT, e Amy Webb, futurista, fundadora e CEO do Future Today Institute, enfatizaram as mudanças que a IA está promovendo na humanidade. Jessica Araújo, também analista de dados da Lagos Data Inteligente, afirmou que participar da Febraban Tech foi uma experiência enriquecedora para entender as tendências futuras relacionadas ao uso da inteligência artificial no setor financeiro e bancário. Ela destacou: “No evento havia uma atmosfera de receio em meio às especulações de que a IA pode ‘extinguir funções’, mas diversos palestrantes reiteraram que o advento da IA pode transformar profissões e que tudo ainda é muito novo. As empresas não sabem exatamente como utilizar a IA generativa, mas sabem que precisam dela. Dentro da área de dados, observei que a automação de processos e o uso da IA para correção e sugestão textual podem agregar muito à nossa rotina de trabalho.” Para a coordenadora de Business Intelligence, Irma Corado, foi essencial para a Lagos participar deste evento com toda a equipe, pois juntos eles puderam compartilhar experiências e explorar novas possibilidades para o trabalho diário. “Ficamos a par das principais tendências do mercado e trocamos experiências valiosas com os participantes, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento de tecnologias. Tanto a inteligência artificial quanto a análise de dados estão em constante evolução, e por isso precisamos estar sempre atualizados sobre tudo o que acontece”, concluiu a coordenadora. O evento acontece todos os anos e tem como foco reunir lideranças dos setores financeiro, tecnológico, sustentável, agrícola e de outras áreas interessadas em inovação para debater temas atuais da economia digital. Para quem deseja saber tudo o que aconteceu na edição Febraban Tech, pode acessar o site Febraban Tech e acompanhar todos os preparativos para o ano de 2025. -
Dados
Fonte: Diplomatique Autores: Anderson David Gomes dos Santos e Maria Isabel Lopes O Observatório das Transmissões de Futebóis foi criado em 2023 pelo Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social e o grupo de pesquisa Crítica da Economia Política da Comunicação (CEPCOM/Universidade Federal de Alagoas-Ufal). A base de suas atividades é o levantamento das transmissões dos torneios de futebóis profissionais masculino e de mulheres no Brasil. Este texto tem como objetivo principal discutir as principais dificuldades encontradas pelos pesquisadores no processo de coleta de dados sobre transmissões de futebóis no recorte temporal de 2012 a 2024, para torneios nacionais e internacionais, e de 2019 a 2024, para os estaduais. O uso do termo “futebóis”, ainda que cada vez mais comum na pesquisa sobre esse esporte no Brasil, se dá porque “o mundo do futebol era mais amplo e diversificado” (Damo, 2018, p. 39). Ao tratarmos de futebol profissional, incluímos as ͏transmissões de futebol de mulheres, envolvendo o ͏reconhecimento da importância dessa modalidade, mas também salientando que “este futebol tem uma história singular; sua diáspora foi bloqueada e, de certo modo, ela pouco tem a ver com questões de ordem geográfica” (idem, p. 50). E isso se reflete nas transmissões. Como os direitos de transmissão foram dispersos ao longo desse período, os͏ jogo͏s começaram a ser transmitidos em diferentes veículos de comunicação, o que torna difícil saber͏ ͏onde serão exibidos. A discussão qualitativa e específica a partir desses resultados vem ocorrendo aos poucos em publicações no portal Ludopédio, em eventos sobre futebol e mídia e, em breve, estarão disponíveis em site próprio, a ser lançado em maio, com disponibilização da base completa de dados. Sobre as técnicas de coleta de dados A coleta de dados é um procedimento fundamental para o planejamento de qualquer pesquisa, pois é a forma de adquirir as informações necessárias (Coelho, 2017). Para entender esse processo, imagine ͏organizar uma͏ viagem e escolher a melhor logística até o seu ͏destino. A fim de alcançar esse objetivo, ͏é͏ necessário ͏ter informações exatas e atualizadas sobre possíveis rotas, tráfego e condições das estradas͏. Da mesma forma, em investigações acadêmicas, a coleta de informações precisas e relevantes é essencial para manter a integridade e a validade da pesquisa. O sucesso do estudo depende significativamente ͏dos métodos de levantamento de dados͏ utilizados pelos pesquisadores. De ͏acordo com Gil (1996), a coleta de dados em estudos de caso envolve a utilização de diversas ͏fontes de evidências. Assim, validar a fiabilidade dessas fontes é essencial͏, uma vez que a eficácia da investigação depende fortemente͏ de quão bem estão reunidos os fatos. É importante que os dados coletados sejam precisos, completos e pertinentes ao objetivo da pesquisa. Além disso, com o progresso tecnológico, lidamos muitas vezes com dados extensos e desorganizados. Isso requer o emprego de ferramentas e métodos sofisticados para coletar, armazenar e examinar essas informações (Coelho, 2017). Apesar das dificuldades, ao superar essas barreiras, podemos utilizar o potencial de uma base de dados para melhorar a tomada de decisões, ͏ realizar pesquisas eficazes e aprimorar a nossa compreensão em vários domínios. Síntese metodológica Na atualidade, existem͏ várias formas de se manter atualizado sobre͏ os jogos de futebol, como canais de ͏TV gratuitos, serviços de assinatura, pay-per-view e demais plataformas online. Isso vem causando dúvidas em torcedoras e torcedores para saber onde o jogo que interessa vai ser transmitido. Por isso, a primeira atividade do Observatório das Transmissões de Futebóis foi o “Levantamento de Transmissões de Futebóis no Brasil”, desenvolvido de agosto de 2023 a fevereiro de 2024, enquanto projeto de pesquisa em fluxo contínuo na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). A busca se deu especialmente a partir de fontes secundárias, partindo de sites noticiosos que atuam com a cobertura midiática, assim como perfis em redes sociais que publicam a programação das transmissões. Essa etapa envolveu o trabalho de estudantes de graduação (Jornalismo, Ciências Econômicas e Educação Física), de doutorado (Geografia e Comunicação) e profissionais com interesse no futebol (jornalistas e geógrafos). Para apresentar aqui as dificuldades encontradas pelos pesquisadores, elaboramos um formulário para indicar os seguintes pontos: importância da qualidade dos dados; problemas encontrados; pulverização das transmissões; acessibilidade das informações em fontes primárias (federações e organizadores de torneios de forma geral); e o que poderia ser aprimorado no mapeamento. O foco deste texto será o segundo ponto, ainda que os demais apareçam na argumentação. Problemas encontrados Todas as oito pessoas pesquisadoras indicaram ter encontrado dificuldades em algum momento do processo. No geral, isso está relacionado com a questão de os jogos serem exibidos por distintas plataformas e empresas midiáticas, algumas das quais deixaram de existir, o͏ que complicou o monitoramento de todas as fontes e a manutenção da precisão dos dados recolhidos. Isso se acentua quando há limites ao acesso às informações por fontes primárias, federações e os próprios grupos midiáticos que adquirem direitos de transmissões de determinado evento. Vale ressaltar que não existe uma base única de dados sobre essas exibições, bem como são raros os casos em que os meios de comunicação apresentam informações sistematizadas. A fim de conferir os resultados da pesquisa, a equipe do Observatório enviou e-mail para todas as 27 federações estaduais de futebol, pedindo informações sobre as transmissões de campeonatos locais. No entanto, até agora não houve nenhuma resposta. Apesar de haver uma lei de acesso à informação no Brasil, esta é restrita para obrigações de organizações públicas ou com algum vínculo público-estatal. Assim, a falta de transparência e consistência no compartilhamento de dados tem sido a regra do jogo, o que dificulta a análise e compreensão do cenário esportivo e midiático no país, como afirma a jornalista Amanda Trovó: “Isso foi um fator que impediu a coleta de muitos dados, causando inclusive choque de informações. Com essa falta de informações sobre a transmissão, a motivação do torcedor para assistir à partida diminui e, como pesquisadora, o processo de coleta de dados terminou sendo mais conflitivo do que esperava, afinal, as informações não eram claras sobre as transmissões e em alguns momentos, não existiam”. A falta de dados sobre qual canal detém o direito de imagem é mais escassa nos casos de torneios que não ocupam o polo hegemônico do campo social esportivo no Brasil, ou seja, fora do centro-sul e da prática de homens. O doutorando em Geografia Jonathan Ferreira indicou algumas questões relacionadas à dificuldade na obtenção de dados de campeonatos estaduais transmitidos por empresas locais, efeito do modelo de difusão comunicacional centralizado. Entretanto, o problema vai além do escopo midiático, como indicado pelo geógrafo Iago Vernek: “Percebemos a falta de informações inclusive das mídias [desses] locais [fora da hegemonia] sobre partidas televisionadas ou transmitidas em plataformas. Muitas vezes, são os próprios clubes que exibem seus jogos, sem muita divulgação. O mecanismo de busca do Google, bastante concentrado nos grandes meios de comunicação, também torna a pesquisa enviesada”. As dificuldades sobre a pesquisa das transmissões de campeonatos da região Norte foram relatadas por duas pessoas. A diferença de calendário de alguns estaduais da região dificultou a coleta, pois era necessário maior atenção para o recorte temporal da busca. Micaelle Cristina, estudante de Educação Física e responsável pelos torneios de mulheres nessa região, apontou que esse cruzamento de pontos de investigação levou a uma maior ͏complexidade aos ͏esforços da recolha de dados: “primeiramente por ter sido o futebol feminino e também por ser da região Norte, pois a falta de informações e desvalorização do esporte nessa região dificultou bastante”. Sobre o futebol de mulheres, Amanda Trovó indicou o quanto foi difícil conseguir dados sobre as competições estaduais, enquanto os torneios nacionais e internacionais apresentaram mais informações ao longo do tempo. Problema semelhante de Henrique Sales Barros, jornalista, que indicou a falta desse repasse pelas federações estaduais. Sobre isso, vale indicar que em 2020, em meio à pandemia, nove estaduais femininos foram cancelados, o que não aconteceu no futebol masculino. Por outro lado, Antônio Bandeira, estudante de Jornalismo, relatou como mais um elemento de complexidade para esses casos o diferente formato de calendário do futebol de mulheres, com alguns estaduais ocorrendo no final do ano, após o torneio nacional. A͏s melhorias na coleta de dados ͏de transmissões podem ser alcançadas com a compreensão das partes envolvidas em divulgar essas informações de forma ampla e sistematizada a cada início de torneio, de maneira que facilite a busca por veículos noticiosos de futebol, tanto por torcedores e jornalistas, como também por quem pesquisa o tema. Esse tem sido o objetivo do Observatório: alcançar certa padronização na apresentação e divulgação de dados por parte das emissoras, incentivar maior transparência por parte dos clubes e empresas responsáveis pelas transmissões, e o desenvolvimento de ferramentas e tecnologias que facilitem a coleta e análise de dados em tempo real. O que esperar Com base nessas questões levantadas, fica evidente͏ que a coleta de dados sobre as transmissões dos futebóis é crucial ͏para compreender a situação desportiva atual, levando em consideração a convergência midiática que envolve a radiodifusão, plataformas digitais e empresas de telecomunicações. No entanto, existem vários obstáculos, principalmente por causa da dispersão dos direitos͏ de ͏transmissão, além da ausência de uniformidade e͏ transparência nas informações fornecidas pelos agentes envolvidos na organização e transmissão dos campeonatos. A regulamentação dos direitos de imagem no futebol espelha um jogo sem árbitro, sem a garantia de que todos sigam as regras e que o produto possa ser mais bem visibilizado, o que se acentua nos múltiplos casos fora do campo geográfico hegemônico desse esporte e da mídia no país. Acreditamos que o Observatório pode se tornar uma referência importante tanto para a apresentação de uma base de dados em perspectiva histórica, mas também do ponto de vista analítico, de maneira a compreender cada momento específico de estruturação do mercado de transmissões, a partir de uma sistematização dessas informações. Da mesma forma, a compreensão do desenvolvimento econômico desigual do Brasil, bem como das desigualdades de gênero, é um passo para analisar não apenas o topo da pirâmide futebolística e midiática nacional. Anderson David Gomes dos Santos é professor da Unidade Educacional Santana do Ipanema/Campus do Sertão da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e coordenador do Observatório das Transmissões de Futebóis. Maria Isabel Lopes é estudante de graduação em Ciências Econômicas da Unidade Educacional Santana do Ipanema/Campus do Sertão da Ufal e pesquisadora do Observatório das Transmissões de Futebóis. Referências bibliográficas COELHO, B. Análise de dados: o que é e como fazer? Mettzer, s/l, 26 set. 2017. Disponível em: https://blog.mettzer.com/analise-de-dados/. Acesso em: 30 abr. 2024. DAMO, A. Futebóis – da horizontalidade epistemológica à diversidade política. Fulia, Belo Horizonte, v. 3, n. 3, p. 37-66, set./dez. 2018. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996. -
Mundo
O Dia Mundial Sem Carne, celebrado em diversos países em 20 de março, tem origens que remontam ao movimento global em prol da conscientização sobre os impactos do consumo de carne na saúde, nos animais e no meio ambiente. A iniciativa visa promover alternativas alimentares mais sustentáveis e éticas. Uma peça-chave nesse movimento é a campanha “Segunda Sem Carne” (Meat Free Monday – MFM), que surgiu em 2003 nos Estados Unidos e hoje se estende por mais de 40 países. Seu principal objetivo é incentivar as pessoas a reduzirem o consumo de carne, especialmente às segundas-feiras, promovendo uma transição gradual para uma dieta mais baseada em plantas. Um estudo realizado pela Brighton and Sussex Medical School (BSMS) e pela campanha Segunda Sem Carne revelou que mais de 30% dos participantes, após cinco anos, adotaram uma dieta plant based. Essa mudança não apenas reflete a crescente conscientização sobre os impactos da proteína animal na saúde, mas também destaca a eficácia de campanhas que incentivam a redução do consumo de carne. No Brasil, a campanha Segunda Sem Carne é conduzida pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). Ela convida as pessoas a explorarem novos sabores, substituindo a proteína animal por opções vegetais. Além do benefício pessoal para a saúde, a ação resulta em uma economia significativa de água, com apenas um dia de escolhas alimentares conscientes representando uma economia de 3500 litros de água. A mudança de hábitos alimentares também é evidenciada por pesquisas recentes. Um levantamento realizado pelo The Good Food Institute Brasil revelou uma redução de 67% no consumo de carnes bovina, suína, de frango e de peixe entre os brasileiros. Essa mudança, impulsionada por preços mais altos e uma busca por hábitos mais saudáveis, indica um movimento em direção a proteínas de origem vegetal. A pesquisa encomendada pela SVB à Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) mostrou que 46% dos brasileiros deixaram de comer carne por vontade própria ao menos uma vez por semana. Essa tendência é corroborada por dados do estudo GFI, que indicam que quase metade dos brasileiros já estava reduzindo o consumo de carne em 2020. O mercado de proteínas alternativas, derivadas de plantas, também está experimentando um crescimento expressivo. Estudos preveem um aumento de quase 70% nos próximos seis anos, movimentando mais de US$ 28 bilhões globalmente. A pandemia acelerou essa mudança de comportamento, com a preocupação ambiental se somando às questões de saúde. É importante notar que a escolha por uma alimentação sem carne não garante automaticamente uma dieta saudável. No entanto, especialistas destacam que uma dieta vegana bem planejada pode oferecer benefícios à saúde, como a redução do risco de doenças cardíacas e diabetes. Nutricionistas ressaltam que a chave está em fazer escolhas conscientes, selecionando alimentos nutritivos e equilibrando a dieta. Em conclusão, o Dia Mundial Sem Carne e a campanha Segunda Sem Carne representam movimentos significativos em direção a uma alimentação mais consciente e sustentável. Essas iniciativas não apenas promovem a redução do impacto ambiental e o respeito aos animais, mas também destacam a importância de escolhas alimentares que beneficiem a saúde individual e coletiva. À medida que mais pessoas se engajam nessa jornada, o caminho para um futuro alimentar mais ético e equilibrado se torna mais tangível. -
Artigos
A proliferação de fake news e de narrativas distorcidas sobre fatos políticos, sociais e tantos outros constitui uma ameaça significativa para a livre troca de informações baseadas em fatos e a manutenção da confiança da população nas instituições, fundamentos basilares da democracia. Inúmeros estudos nacionais e internacionais sobre desinformação, fake news e formação de discursos de ódio conduzidos ao longo dos últimos anos destacam a imperatividade do delineamento de ações destinadas ao desenvolvimento de um ecossistema de mídia e informação confiável. Essas ações podem se dar mediante a edificação de uma governança colaborativa, envolvendo não somente os governos e seus órgãos, além da mídia tradicional, das plataformas de redes sociais, acadêmicos e a sociedade civil, como também pelo deslocamento de um viés combativo e beligerante contra o atual ecossistema da comunicação por um mais propositivo e positivo, a partir da construção de um espaço comunicacional democrático, voltado, em particular, para a integralidade da informação e do papel estruturante da comunicação política institucional. A crescente atenção de governos e de organismos internacionais para a problemática da desinformação e a formação de uma agenda de pesquisa – cada vez mais voltada para a análise do impacto desse fenômeno nas democracias, bem como a utilização de informações pessoais de usuários das redes sociais para influenciar a opinião das pessoas – se deu, de maneira mais intensa, a partir do escândalo envolvendo a Cambrigde Analytica em 2014 e das eleições americanas de 2016. No entanto, anteriormente a estes fatos, estudiosos como Manuel Castells (2005) e outros já concentravam esforços na compreensão dos processos de transformação da sociedade em direção a uma sociedade em rede. Nesse contexto, o delineamento de políticas de transição, de incorporação das tecnologias de comunicação e de informação emergiram como aspectos centrais para estabelecer uma diretriz estratégica com base no conhecimento das tendências sociais e econômicas para a tomada de decisão, tanto por parte de governos, quanto por parte de empresas e demais agentes. À vista disso, o papel da comunicação política institucional também abrange a compreensão de como ela se posiciona dentro do atual cenário e como pode se adaptar às novas formas de comunicação. Isso porque, “sem inovação organizacional, a inovação tecnológica não chegará a constituir-se como fator de desenvolvimento” (Castells, 2026, p.14). Figueiredo (2022), a partir dos achados de Miguel Nicolelis (2020) dentro da neurociência, alerta para a possibilidade de distorções das referências simbólicas de forma invisível e do aprisionamento às brainets – sistemas informacionais de inúmeros elementos, criados a partir de símbolos – concebidas pelas irracionalidades circulantes, em que existe a possibilidade de eclosão de uma disfunção do fluxo informacional da própria brainet. Disfunção essa chamada de vírus informacional, que faz com que a mente aprisionada a esta brainet seja incapaz de perceber contradições e irracionalidades. É nesse contexto que as desinformações se instalam e se consolidam dentro da mente das pessoas, passando a fazer parte da cognição social coletiva de determinados grupos. Nessa lógica, para a autora, os mecanismos de produção de crença, quando não reavaliados constantemente, podem se afastar da confiabilidade em direção à falseabilidade sem que se perceba. Saindo da perspectiva da neurociência para a investigação social e política, Persily (2017) e Gaughan (2016), ao analisarem a sobrevivência da democracia num mundo cada vez mais on-line, afirmam que o cenário não é animador, uma vez que a tomada de decisões políticas esclarecidas por parte dos eleitores se tornam menos prováveis com a prevalência de desinformação. Ao mesmo tempo, Gomes e Dourado (2019) alegam que é provável que a produção e disseminação de relatos falsos no contexto político sejam fenômenos intrínsecos à própria natureza da política. Para os autores, é plausível conceber que uma parte da energia dedicada à comunicação política em ambientes competitivos regularmente tenha abrangido a criação de narrativas fictícias e a propagação de boatos, utilizando uma variedade de meios e com propósitos diversificados. No entanto, é necessário, primeiramente, localizarmos o fenômeno das fakes news dentro do cenário contemporâneo no Brasil e no exterior, para, posteriormente, podermos explorar a necessidade do deslocamento do debate acerca do atual ecossistema da comunicação, de um viés de combate e confronto aos fenômenos da desinformação, discursos de ódio, entre outros, para um com caráter mais positivo e propositivo com o intuito de construir um espaço comunicacional democrático. Para tal, este texto começa por apresentar a conceitualização do termo fake news, abordando o cenário de sua disseminação no Brasil e no exterior, bem como seu impacto nas interações diárias das pessoas. Depois, serão discutidas iniciativas existentes para a promoção de educação midiática na identificação de fake news e no incentivo à denúncia de informações falsas. Por último, na conclusão, será enfatizado o papel estruturante da comunicação política institucional, a partir da retomada dos princípios de gestão das informações e dos princípios da administração pública por parte dos órgãos públicos. Fake News: Conceitos e delineamentos Há grande debate sobre a pertinência do conceito fake news nas ciências sociais e na comunicação, não tendo uma definição que seja amplamente aceita. Inicialmente, o termo, mas não um conceito em si, se popularizou para designar os sites de notícias que difundiam nas mídias sociais informações falsas durante as eleições americanas de 2016. Naquele período, o termo emergiu como uma expressão de caráter abrangente para se referir “to everything from news articles that are factually incorrect to opinion pieces, parodies and sarcasm, hoaxes, rumors, memes, online abuse, and factual misstatements by public figures that are reported in otherwise accurate news pieces” (Weedon, J. et al, 2017, p. 4). Entretanto, o mal uso ou o uso excessivo do termo fake news pode ser problemático, uma vez que sem uma definição comum ou mesmo mais amplamente aceita, não é possível compreender e nem abordar completamente a questão, como Weedon, Nuland e Stamos já apontavam no relatório do Facebook Newsroom em 2017. Para Recuero e Gruzd (2019) existem três elementos essenciais para uma definição mais apropriada de fake news, sendo eles: a) os componentes noticiosos e componentes do uso da narrativa jornalística; b) os componente da falsidade parcial ou total da narrativa; e, por último, c) a intencionalidade de gerar falsas percepções e mesmo de enganar por meio da propagação dessas informações. Além dos três elementos supracitados, os mesmos pesquisadores apontam os elementos que atuariam no espalhamento e disseminação das fake news, em que somente a estrutura das redes sociais não é suficiente para que tal fato ocorra. O primeiro, mais dependente da estrutura das redes, refere-se aos próprios algoritmos de visibilidade dessas ferramentas, ou seja, da seleção do que será mostrado e visto pelos próprios usuários a partir das suas próprias ações nas plataformas. Já o segundo, mais voltado para o comportamento do usuário em si, volta-se para a própria escolha dos atores em termos de interação com o conteúdo visto, ou seja, aquilo que eles decidem compartilhar, curtir, publicar, ou mesmo tornar visível à sua rede social. O espalhamento e disseminação de notícias falsas ganha ainda mais propulsão dentro das chamadas câmaras de eco, ou echo chambers. Segundo Törnberg (2018), existem sinais específicos que demonstram a ligação entre os fenômenos da disseminação de desinformação e as câmaras de eco. Isso se daria porque as pessoas tendem a formar agrupamentos, tribos, que confrontam com reafirmação as suas visões e as protegem do desacordo ou do conflito, ao mesmo tempo que as câmaras de eco reforçam as perspectivas já existentes e promovem vieses de confirmação. Nesse sentido, um ambiente digital polarizado, no qual usuários promovem suas narrativas favoritas, criar grupos polarizados que resistam a informações divergentes de suas crenças, vira um fertilizante para que a internet e as redes sociais sejam ambientes propícios para a desinformação (Törnberg, 2018). Educação midiática: iniciativas e atuações de denúncias Diante desse cenário, para Alves e Maciel (2020) tornou-se imperativo promover formas de capacitar a sociedade civil para diminuir os impactos causados por informações falsas e conteúdos manipulados. A “alfabetização digital” surge como sugestão de política pública a fim de criar conhecimentos sobre “formas saudáveis de navegar na rede, bem como à educação sobre formas de identificação de fake news”. Segundo os autores, a temática já é discutida no âmbito legislativo desde 2019 e, dentre os projetos de lei encontrados, já havia propostas de inclusão do tema na grade curricular obrigatória no ensino fundamental e médio. A educação midiática presente nas escolas poderia desenvolver não apenas a compreensão das tecnologias e plataformas, mas também o desenvolvimento de habilidades críticas de análise e avaliação. Tornando o aluno capaz de identificar padrões de desinformação, reconhecer fontes confiáveis e compreender o contexto por trás das notícias. Além disso, a “alfabetização digital” também perpassa iniciativas das associações de jornalistas, profissionais da imprensa e academia – stakeholders basilares para a construção de uma governança colaborativa e de um espaço comunicacional democrático – para uma maior utilização de plataformas de checagem de informações ou mesmo de criação de produções que alcancem a população dentro das diferentes realidades observadas. A iniciativa “Arriégua! Ói as Fake News: Manual de Checagem Nordestina”, lançada recentemente pelo projeto “Coar Notícias”, iniciativa apartidária, vinculada à Associação de Jornalismo Digital, volta-se para a criação de manuais educativos para o público sobre fake news e desinformação com expressões regionais para explicar o fenômeno. A ideia é conseguir aproximar os públicos que vivem nas diferentes regiões das técnicas de checagem de fatos e da habilidade crítica de análise, em particular para aqueles cidadãos que habitam os principais desertos de notícias – bolsões territoriais onde a população não dispõe de informações de veículos jornalísticos locais . Além da presente iniciativa, tantas outras podem ser elencadas como: AFP Checamos, Agência Lupa, Aos Fatos, Alma Preta Jornalismo, entre outras. Outro aspecto importante da governança colaborativa para o desenvolvimento de um espaço comunicacional democrático vincula-se ao papel das plataformas de redes sociais e empresas do ramo de tecnologia. Conforme Carvalho (2020), tanto o Google quanto o Facebook adotaram medidas de restrição à exposição de anúncios e que permitem a identificação de conteúdo comprovadamente falso. Justo posto, a divulgação de fontes confiáveis de informações também desempenha um papel crucial, haja vista a necessidade de empresas de tecnologia buscarem implementar medidas que reduzam a disseminação de notícias falsas embasadas na criminalização das fake news. Os meios cabíveis envolvem algoritmos mais transparentes, ao tempo que envolveria também políticas rigorosas de verificação de informação, de fontes, parcerias e redução da visibilidade de informações não verificadas — dado o meio mercadológico que os veículos de comunicação estão inseridos. Ainda, as redes sociais e aplicativos de mensagens mais utilizados no país, como o Instagram, WhatsApp e Tiktok também disponibilizam meios para que usuários possam denunciar postagens que contenham informações falsas. O X, antigo Twitter, por outro lado, teria retirado, no ano passado, uma ferramenta da plataforma que permitia a denúncia de conteúdos de desinformação eleitoral. A ONG Reset.tech Australia classificou a desativação da ferramenta como preocupante, especialmente por conta dos possíveis impactos que isso poderia gerar às vésperas de um importante referendo ocorrido no país acerca dos direitos dos povos indígenas. Haja vista os impactos negativos da desinformação na esfera pública e, também, nos processos eleitorais, as instituições brasileiras têm se mobilizado para ofertar aos cidadãos canais de denúncia online, sendo elas o outro pilar para uma governança colaborativa. O TSE, por exemplo, lançou, nas eleições de 2018, o aplicativo Pardal, para que usuários pudessem enviar indícios de irregularidades eleitorais como compra de votos, uso indevido da máquina pública e propagandas ilícitas. Após o registro das denúncias, elas são apuradas pelo Ministério Público Eleitoral de cada localidade. Apenas em 2018, foram registradas mais de 47 mil denúncias. Ao redor do mundo, instituições governamentais têm se mobilizado para tentar oferecer respostas efetivas no combate à disseminação de informações falsas por meio das redes sociais. Um dos marcos, nesse sentido, é oriundo da Alemanha, o Network Enforcement Act (Net-zDG). A lei foi aprovada no parlamento do país em 2017, mas passou a vigorar apenas em 2018. Em linhas gerais, a legislação visa regulamentar meios para responsabilizar grandes plataformas digitais pela veiculação de conteúdos que violariam o código criminal alemão, por parte de seus usuários. Após identificada a publicação irregular, a rede teria até 24 horas para que ela fosse tirada do ar. Outra importante legislação é o Digital Services Act (DSA), aprovado pela União Europeia no final de 2022. A lei prevê diversos mecanismos para o combate a veiculação de conteúdos ilegais, aumento da segurança de usuários menores de idade, melhoria da transparência dos dados em posse de plataformas digitais, dentre outras medidas. A legislação teria inspirado o PL 2630/2020, popularmente conhecido como o PL das Fake News, proposto pelo Senador Alessandro Vieira (MDB), que prevê a regulamentação das redes sociais em território brasileiro. Durante sua tramitação, a iniciativa gerou críticas de parlamentares e setores da sociedade vinculados à direita, que enxergaram no projeto uma suposta possibilidade de censura à oposição à atual gestão do Governo Federal. A votação do PL, no entanto, na Câmara dos Deputados foi adiada no ano passado, após forte pressão política e também de grandes corporações digitais. No que tange à esfera do Poder Executivo Federal, a implementação de projetos para o combate à desinformação também é uma realidade. Em março de 2023, o Governo lançou a campanha Brasil contra Fake, a partir do lançamento de uma série de vídeos informativos a respeito dos impactos da desinformação no cotidiano da população brasileira. O projeto conta com um portal onde é possível verificar a veracidade de conteúdos recebidos nas redes sociais, bem como um tutorial para a denúncia de informações falsas. Também cabe menção ao programa Saúde com Ciência, lançado em outubro de 2023, mediante parceria da SECOM, CGU, AGU e os Ministérios da Saúde, da Justiça e da Ciência, Tecnologia & Inovação. A iniciativa tem o objetivo de enfrentar a desinformação na área da saúde, especialmente no que diz respeito à vacinação, que vinha registrando recorrentes quedas nos índices de cobertura em âmbito nacional. Conclusão Diante do presente cenário de desinformação e intensa polarização da esfera pública e política, o papel que a comunicação política institucional toma para si necessita ser estruturante para a governança colaborativa dentro do desenvolvimento de um espaço comunicacional democrático. Estruturante no sentido de planejar, de planificar, de tornar sólido o direcionamento da divulgação das informações pertinentes ao Estado. Um desses direcionamentos mais interessantes se dá através do deslocamento de um viés combativo e beligerante contra o atual ecossistema da comunicação por um mais propositivo e positivo, no qual a comunicação institucional retome os princípios de gestão das informações e os princípios da administração pública, já existentes nos ordenamento jurídico brasileiro. Em termos dos princípios da administração pública, a impessoalidade, publicidade e transparência ganham maior destaque, uma vez que com a polarização política existente, uma comunicação institucional que alicerça suas diretrizes dentro de um sistema de estado e não de governo, passa a contar como o órgão de autoridade na transmissão das informações e não de propaganda de uma gestão específica. Já em termos dos princípios da gestão das informações, a possibilidade de adoção de práticas de checagem por parte da comunidade, das informações advindas da própria comunicação política institucional, na qual saibam reconhecer as fontes, sua factualidade, sua qualidade e outras. Ou seja, aquela que possui a integralidade da informação, seja ela entendida como a que possui precisão, consistência e confiabilidade do conteúdo, dos processos e sistemas de informação. Referências bibliográficas Alves, M. A. S; Maciel, E. R. H. (2020). O fenômeno das fake news: definição, combate e contexto. Internet & Sociedade, v. 1, n. 1. Bright, J. (2016). Explaining the emergence of echo chambers on social media: the role of ideology and extremism. Cardoso, G., & Castells, M. (2005). A sociedade em rede: do conhecimento à acção política. Portugal: Imprensa Nacional. Carvalho, L. B. (2020). A democracia frustrada: fake news, política e liberdade de expressão nas redes sociais. Internet & Sociedade, v. 1, n. 1. Figueiredo, S. M. R. (2022). O lugar da desinformação na cognição social ou como lidar com propriedades da cognição que abrem espaço para a falseabilidade. Logeion: Filosofia da Informação, 9, 377-394. Gaughan, A. J. (2016). Illiberal democracy: The toxic mix of fake news, hyperpolarization, and partisan election administration. Duke J. Const. L. & Pub. Pol’y, 12, 57. Silva Gomes, W., & Dourado, T. (2019). Fake news, um fenômeno de comunicação política entre jornalismo, política e democracia. Estudos em Jornalismo e Mídia, 16(2), 33-45. Santos, N. (2024). Por que precisamos discutir a chamada “integridade da informação”? In.: Le Monde Diplomatique Brasil. https://diplomatique.org.br/integridade-da-informacao/ Acesso em: 16/02/2024. Malini, F., Cavalcanti, C. R., Bergami, A. P. M. C., Venturott, L. I., & Tessarolo, M. (2020). Medo, infodemia e desinformação: a timeline dos discursos sobre coronavírus nas redes sociais. Revista UFG, 20. Nicolelis, M. (2020). O verdadeiro criador de tudo. Planeta Estratégia. Ortellado, P., & Ribeiro, M. M. (2018). O que são e como lidar com as notícias falsas. Revista Internacional De Direitos Humanos, 5. Persily, N. (2017). Can democracy survive the Internet?. J. Democracy, 28, 63. Recuero, R., & Gruzd, A. (2019). Cascatas de Fake News Políticas: um estudo de caso no Twitter. Galáxia (São Paulo), 31-47. Törnberg, P. (2018). Echo chambers and viral misinformation: Modeling fake news as complex contagion. PLoS one, 13(9), e0203958. Weedon, J., Nuland, W., & Stamos, A. (2017). Information operations and Facebook. Retrieved from Facebook: https://fbnewsroomus. files. wordpress. com/2017/04/facebook-and-information-operations-v1. Pdf. -
Eleições Municipais 2024
O plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou nesta terça-feira uma resolução sobre propaganda eleitoral que disciplina o uso de tecnologias de inteligência artificial (IA) nas campanhas das eleições municipais que ocorrerão em outubro. A proposta foi aprovada por maioria. No texto aprovado, a ministra Cármen Lúcia estabeleceu a proibição das “deep fakes” e que a inteligência artificial só pode ser usada em campanhas com um aviso de que o conteúdo foi feito a partir de uma ferramenta do tipo. O TSE prevê que a utilização de IA pode acarretar na cassação do registro e mandato, além de responsabilizar as big techs. Para a Corte, o descumprimento das normas sobre deepfake “configura abuso de utilização dos meios de comunicação, acarretando na cassação ou perda do mandato e impõe apuração das responsabilidades” conforme disposto no Código Eleitoral. A regulação proposta pelo TSE sobre inteligência artificial: – Exigência de rótulos de identificação de conteúdo sintético multimídia – Restrição ao uso de chatbots e avatares para intermediar a comunicação da campanha, que não poderá simular interlocução com pessoa candidata ou outra pessoa real – Vedação absoluta de uso de deep fake: conteúdo sintético em formato de áudio, vídeo ou combinação de ambos, que tenha sido gerado ou manipulado digitalmente, ainda que mediante autorização, para criar, substituir ou alterar imagem ou voz de pessoa viva, falecida ou fictícia não pode ser usado, para prejudicar ou para favorecer candidatura A minuta prevê ainda que os provedores de aplicações na internet são responsáveis pela implantação de medidas que impeçam a publicação de conteúdo irregular, que atinja a integridade do pleito. O TSE sistematiza a aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais ao contexto eleitoral. Para tanto, prevê a adaptação de regulamentos da Autoridade Nacional de Proteção de Dados, de forma compatível às particularidades do tratamento de dados pelas campanhas e a consideração das campanhas municipais, em Municípios com menos de 200.000 eleitores, como agentes de tratamento de pequeno porte. Além disso, entende que as campanhas deverão apresentar registro de operações de tratamento de dados, em modelo a ser disponibilizado pela Justiça Eleitoral e que juízas e juízes eleitorais das capitais de Estado poderão solicitar relatório de impacto à proteção de dados no caso de tratamento de alto risco pelas campanhas ao cargo de prefeito. Além das medidas sobre inteligência artificial, o TSE também aprovou, no âmbito da regulação sobre a propaganda eleitoral, medidas para aperfeiçoar o combate às notícias falsa, sobretudo com relação às plataformas e aplicativos de redes sociais. Entre elas estão a adoção e publicização de medidas para impedir ou diminuir a circulação de fatos notoriamente inverídicos ou gravemente descontextualizados que atinjam a integridade do processo eleitoral. Ainda, a obrigação da veiculação, por impulsionamento e sem custos, do conteúdo informativo que elucide o fato notoriamente inverídico ou gravemente descontextualizado. Pela norma adotada pelo TSE existe a previsão da responsabilidade dos provedores de aplicativos que “não promoverem a indisponibilização imediata de conteúdos e contas, durante o período eleitoral, em casos de risco”. Estes casos de risco são classificados pela Corte como “condutas, informações e atos antidemocráticos tipificados no Código Penal” e “comportamento ou discurso de ódio, inclusive promoção de racismo, homofobia, ideologias nazistas, fascistas ou odiosas contra uma pessoa ou grupo mediante preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Especialistas ouvidos pelo GLOBO defendem a importância da regulação sobre o uso da inteligência artificial aprovada pelo TSE. –O TSE, ao definir concretamente o que se entenderá como o uso ilícito da inteligência artificial para fins eleitorais, estabeleceu medidas fundamentais para o combate de fake news, visando a proteção da democracia e do direito de liberdade de expressão – observa a advogada Yuri Nabeshima, especialista na área de inovação. Além da resolução sobre inteligência artificial, o TSE aprovou outras 11 resoluções sobre as eleições de 2024 – como calendário eleitoral, fundo especial de financiamento de campanha, registro de candidatura ilícitos eleitorais e fiscalização e auditoria. Entre as novidades está a ampliação do teste de integridade com biometria: de cinco capitais de estados e Distrito Federal, passa para todas as capitais de estados. Fonte: O Globo -
Saúde
Hoje, em 05 de fevereiro, é comemorado o Dia Nacional da Mamografia. A data tem o intuito de conscientizar a população para a importância da realização dos exames de mama. A neoplasia de mama representa a segunda maior incidência em mulheres de todas as regiões do país, atrás somente de tumores de pele não melanoma. De acordo com Relatório Anual de Câncer de Mama, divulgado pelo Instituto Nacional de Câncer do Ministério de Saúde, para o triênio de 2023-2025 foram estimados mais de 73,6 mil casos novos na população feminina, o que representa uma taxa ajustada de 41,89 casos por 100 mil mulheres. Dentro do SUS, no ano de 2022, foram realizadas mais de 4,2 milhões de mamografias, entre aquelas de rastreamento e com finalidade diagnóstica. Este total quando decomposto, teve na região Sudeste a sua maior concentração, com quase 50% de todos os exames realizados no país. Já a região Norte realizou apenas 150 mil mamografias, seguido por 214 mil no Centro-Oeste, no mesmo período. Ou seja, as duas últimas regiões não tiveram dentro dos seus territórios nem mesmo 9% dos exames do país, mesmo possuindo mais de 16,5% da população brasileira, segundo o Censo de 2022. Nesse sentido, é importante destacar a desigualdade de acesso aos serviços dos SUS pela população das distintas regiões. Ainda, ao olhar os dados dos últimos 5 anos, o volume de exames realizados teve redução significativa no ano de 2020, causado pelo impacto da pandemia. No entanto, nos dois anos seguintes à pandemia, o quantitativo de mamografias ainda não voltou a se equiparar com os dados de 2019, em algumas regiões do país como o Nordeste, Sudeste e Sul. Apenas o Centro-Oeste e Norte já ultrapassaram a quantidade de exames de 2019, regiões estas com menor volume de exames de todas as regiões do país, conforme demonstrado anteriormente. Outros dados que merecem destaque são aqueles voltados para as desigualdades sociais quando se analisa a proporção de mamografias por faixa de rendimento, entre mulheres de 50 a 69 anos, grupo etário com recomendação para o exame de rastreio, a cada dois anos. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde 2019, realizada pelo IBGE, a proporção de realização de mamografia entre as mulheres, de 50 a 69 anos, com rendimento domiciliar per capita acima de cinco salários mínimos foi quase o dobro da observada em mulheres na faixa sem rendimento ou até ¼ do salário mínimo. Tal de disparidade de acesso a exames de rastreamento ainda é observada segundo o nível de escolaridade e cor ou raça. A cobertura variou de 49% entre as mulheres sem instrução e com escolaridade fundamental incompleta a 77,8% naquelas com nível superior completo. O menor acesso de mulheres sem escolaridade à mamografia ocorreu na Região Norte. Assim sendo, as ações de controle do câncer de mama devem ser monitoradas e avaliadas, de forma contínua, a fim de se identificar os avanços e também as dificuldades e limites a serem superados na linha de cuidado com a população feminina brasileira. No entanto, ações de melhoramento de acesso para as mulheres em situação econômica, educacional, regional e outras diferentes, faz-se de extrema necessidade. -
Política
O Dia Nacional da Visibilidade Trans é celebrado anualmente no dia 29 de janeiro. A escolha da data remete ao lançamento da primeira campanha, em âmbito nacional, de combate à transfobia, “Travesti é Respeito”, de 2004. De lá para cá, a árdua luta por reconhecimento e garantia de direitos fundamentais abarca setores como educação, saúde, moradia, mercado de trabalho, dentre outros. No que diz respeito ao âmbito da política institucional, pautas e demandas da comunidade trans e travesti têm ganhado mais espaço no debate público, na medida em que as reivindicações de ativistas e movimentos sociais reverberam ainda mais longe. Além disso, o número de candidaturas de pessoas trans e travestis a cargos eletivos teem crescido substancialmente ao longo dos anos. Segundo levantamento da ANTRA, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais, em 2014, foram apenas 6 candidaturas entre pessoas auto identificadas enquanto transgênero, travestis ou não-binárias a cargos eletivos de âmbito estadual e nacional. Em 2022, esse número saltou para 77, um crescimento de 1183%. Em termos partidários, a maior parte das candidaturas de pessoas trans e travestis nas últimas 3 eleições estaduais e nacionais, para os cargos de deputados Estadual e Federal, e de Senadores, concentraram-se em partidos de esquerda e centro-esquerda, sendo 34,1% do PSOL; 12,3% do PT e 9,4% do PDT e do PSB. Além disso, 57,9% pleitearam cargos de âmbito estadual e 42,1%, nacional. Ao total, foram pleiteadas 133 candidaturas de pessoas trans e travestis desde o ano de 2014, no legislativo estadual e federal, que tiveram apenas em 3,75% dos casos a conquista do cargo eletivo. Com relação às localidades das candidaturas realizadas no Brasil, apenas os estados de Rondônia e do Amazonas ainda não tiveram, nos últimos doze anos, candidaturas trans e travestis para cargos do legislativo estadual e federal. O estado de São Paulo lidera com o maior volume de candidaturas já realizadas, totalizando 27. Em segundo lugar, tem-se o Rio de Janeiro (13 candidaturas), seguido por Minas Gerais (9 candidaturas), Ceará e Santa Catarina, cada um com 8 candidaturas. A primeira pessoa trans eleita para um cargo eletivo em uma Assembleia Estadual foi Érika Malunguinho (PSOL-SP). Em 2020, esse montante subiu para 4 cargos conquistados, sendo duas ao Congresso Nacional: Duda Salabert (PDT-MG) e Érika Hilton (PSOL-SP); e duas às Assembleias Legislativas estaduais: Dani Balbi (PCdoB-RJ) e Linda Brasil (PSOL-SE). Em tempo de reflexão sobre as dificuldades ainda enfrentadas por pessoas trans e travestis no Brasil, celebra-se, também, as conquistas alcançadas pela comunidade em direção a uma sociedade mais justa, inclusiva e diversa.